sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Era Uma Vez...Carlos Drummond de Andrade


Numa cidade do interior de um vasto país nasceu, contra todas as previsões, uma criança, filha de um casal de fazendeiros, que iria pô-la no mapa. Ao nascer, um «anjo torto» disse-lhe: «Vai, Carlos, vai ser gauche na vida», e ele, obedecendo, jamais se ajustou consigo próprio, com os homens, com Deus, com o destino. Ao seu desajuste, contudo, correspondeu uma vasta e prodigiosa obra poética, que mudou a face da literatura do seu país. 

Tendo vivido num século maldito, do irromper da sociedade de consumo e da bomba atómica, fez da poesia uma arma contra a morte e contra o tédio de uma vida burocrática, de funcionário público. Com um apelido de fantasma – Drummond – deu voz ao homem angustiado do seu século, e rasgou novos horizontes no reino da poesia, sem falsos sentimentalismos e sem jamais ceder à hipocrisia social. Porque, como observou, «No meio do caminho tinha uma pedra/tinha uma pedra no meio do caminho».

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