segunda-feira, 26 de junho de 2023

“Eu sou Bocage / Venho do Nicola / Vou p’ro outro mundo / Se dispara a pistola”

Nem uma guerra civil, o Estado Novo, a queda da monarquia ou as diversas crises financeiras o derrubaram. O Café Nicola ficou imortalizado pela mão do poeta Manuel Maria Barbosa do Bocage. Fica na Praça D. Pedro IV, no Rossio, em Lisboa. 

O Café Nicola foi um lugar de intercâmbio de ideias e tertúlias literárias e é o Café Literário mais importante da capital.

Recorde-se que, em 1787, Lisboa tentava ainda recuperar-se do terramoto, ocorrido três decadas antes.

É então que surge uma oportunidade de negócio para a empresa Nicola Breteiro. Este italiano decide abrir o Botequim do Nicola, no sítio a que hoje chamamos Praça D. Pedro IV, no Rossio.

Pelas portas do Café Nicola, entraram desconhecidos, gente da cidade e fora dela, mas também muitas figuras públicas ligadas à cultura, à literatura e à política. Todos procuravam um bom café e um ambiente cultural próprio da época. O poeta Bocage declamava neste estabelecimento sonetos improvisados e atraía centenas de pessoas. O espaço era sempre muito pequeno. Muitos tinham de ficar à porta.

“Eu sou Bocage / Venho do Nicola / Vou p’ro outro mundo / Se dispara a pistola”.

A capacidade de comunicação deste poeta natural de Setúbal era brilhante. Atraiu sempre muita gente, essencialmente, intelectuais, gente ligada à cultura e à política. Mesmo depois da sua morte, um grupo de amigos continuou a frequentar o Café Nicola e as tertúlias literárias continuaram.

Mário Gonçalves / Diretor

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