quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

O Homem Manso


A História esquece os homens que fazem História. Esta é a vida de D. Rodrigo Cid d’Oliveira Gaetán de Cormorão e Pesanha, 8.º Conde de Monte-Chão, o homem manso. Boémio na vida, humanista na alma, D. Rodrigo vê mais propósitos na sua existência do que os de assegurar a continuidade da linhagem e zelar pelo vasto património ganadeiro. 

Para se afirmar Homem, alista-se como voluntário da Legião Francesa partindo para a sanguinária Guerra do Rife em Marrocos, onde convive com Franco, o futuro Generalíssimo de Espanha, e com o Marechal Pétain, o herói gaulês dos campos de batalha da Grande Guerra. Chamam-lhe Monty, o bravo soldado lusitano que perde o dedo do pé desafortunadamente e que encontra entre os Berberes do Atlas a mesma simplicidade campestre do viver das gentes da sua Alenquer-natal. Mais tarde, trabalhará como correio para a Resistência Francesa e será como Graf von Niedrigsberg, o seu nome perante as autoridades do Reich, que salvará compatriotas lusos deixados ao abandono pelo Estado Português às portas dos campos de concentração. 

Esta é a história de D. Rodrigo, pai de filhos de paternidade duvidosa, marido amante de Dona Maria da Penitência, a imponente filha da Freirinha, solene santa-viva, e do bardo D. Flávio Sabugosa de Brito, autor aclamado das excelsas Elegias às Árcades Briosas. Esta é a vida de um homem bom, cuja mansidão indomável se fez vida agigantada em memórias futuras que a História (quase) esqueceu.

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