segunda-feira, 27 de maio de 2024

O Silêncio das Aves

 

E às vezes é de ti que aceito um diálogo mudo entre mãos

um voo rente ao amanhecer

como se a luz se apressasse a dançar-nos nos braços


e todas as fugas fossem possíveis

Como se todos os versos nos mordessem os lábios


e ao longo do nosso corpo

um canto de notas improvisadas

derramasse todos os sóis


É de ti que nasce o afluente vermelho-vivo de um rio chamado desejo

 

Porque nada existe depois de ti.


Rosa Fonseca, O Silêncio das Aves

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