E se tivesse a possibilidade de ouvir Jorge Luis Borges discorrer, com a sua voz pausada e culta, sobre livros, filosofia e literatura?
Ler Sete Noites é como viajar no tempo até ao teatro Coliseo de Buenos Aires, em 1977, e ter o privilégio de assistir a um conjunto de sete palestras imperdíveis proferidas pelo escritor argentino, numa altura em que já tinha perdido a visão.
É aqui que descobriremos o contexto de uma das muitas frases que o eternizaram: «Tinha sempre imaginado o Paraíso como uma espécie de biblioteca.»
Borges aborda alguns dos grandes temas que o fascinaram ao longo da vida: o Oriente e o Ocidente, As Mil e Uma Noites, o sonho e o pesadelo, a realidade e a ficção, a poesia, a Divina Comédia, a cabala, o budismo ou a cegueira – ouvindo-o confessar que perdeu a conta às vezes que leu a Divina Comédia, ou acompanhando o seu raciocínio sobre o papel dos sonhos: «E se os pesadelos fossem gretas do Inferno?»
Podemos, com Borges, explorar o sentido do «livro infinito», cujo título «é um dos mais belos do mundo» e, por fim, em tom de confidência, ouvi-lo falar do lado íntimo da sua cegueira: «O mundo do cego não é a noite que as pessoas supõem.»
Sete Noites chega a 19 de setembro às livrarias, com tradução de José Colaço Barreiros, e dá continuidade à série de capas retiradas do tríptico As Tentações de Santo Antão, do pintor Hieronymus Bosch, exposto no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.