Aos 86 anos, Manuel Alegre está a lançar “Toda a Prosa” (Ed. Dom Quixote). Nas suas palavras, este é um livro em que a prosa está “a sair da clandestinidade”. Admite que os vários livros aqui reunidos, alguns com mais de 30 edições, fazem um “retrato do país” entre os anos 1940 e o “advento do 25 de Abril” de 1974.
Em entrevista à Renascença, o escritor confessa que é, ainda hoje, “prisioneiro” de dois dos seus livros de poesia, “Praça da Canção” e “O Canto e as Armas”, mas reunir a prosa mostra que é mais do que só poeta. “Não há assim uma diferença tão acentuada entre uma toada poética e uma toada de prosa”, refere.
Recusa a ideia de a prosa ser uma biografia ficcional, mas reconhece que há uma “transfiguração de vivências pessoais”. Desde o exílio na Argélia, ao medo, da fome à falta de liberdade durante a ditadura, tudo surge retratado na sua escrita em prosa. Sobre a arte da escrita, diz ser uma necessidade.
"Toda a Prosa" representa uma vida de escrita, e, juntando com a sua poesia, podemos dizer que estamos, como escreve Paula Mourão no prefácio, perante uma "biografia ficcional"?
Não, isto não é uma biografia. Isto é uma transfiguração de vivências pessoais que abrangem um período histórico português que vai desde os anos 40 até ao advento 25 de Abril. Como disse Paula Mourão, no lançamento, é um retrato do país durante esse período.
Ao lermos a sua prosa, os seus vários livros que foi publicando ao longo dos anos, encontramos um retrato de Portugal dos últimos anos?
É um retrato do país. Ela [Paula Mourão] disse até que a prosa e a poesia são um retrato do Portugal contemporâneo. Há muitas maneiras de celebrar o 25 de Abril, e eu resolvi juntar num só livro toda a minha ficção e depois verifiquei que, aqueles livros juntos, no fundo, davam um novo livro.
Renascença
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