O locutor Carlos Alberto Alves é um grande profissional da Rádio. Há décadas que conheço o CAA.
Carlos, neste preciso momento, vieram-me as lágrimas aos olhos, devido a esta saudável, pura e singela nostalgia com muitas personalidades que marcaram o meu percurso na IRIS FM.
Sei que estiveste recentemente a dar aquilo que tens de melhor, a solidariedade, a um grupo de amigos que tem feito um excente trabalho na ONG ASAC, em Samora Correia.
Por isso, no final da crónica, revelarei algo que, até hoje, só duas pessoas viram.
Foram momentos que transformaram completamente a minha vida... O que sou hoje: filho, pai, avô, professor, jornalista... devo-o muito ao "bichinho" microfone...
- Bichinho?
- Sim!
- Porquê?
Há que perguntar a dezenas de profissionais da Rádio que trabalharam com o Carlos Alberto Alves...
Hoje, muitos nomes, entram-vos pela porta de casa a dentro sem pedirem autorização...
Ficava e, ainda hoje, fico feliz!
Podia aqui citar mais, mas tenho receio de esquecer, e vou esquecer, algun camaradas de marcha... Foi há muitos anos!
Nelson Silva Lopes (TSF); Hélder Antunes (RTP); Vasco Pernes (RTP); Carla Moita (TVI e CNN); José Peixe (RDP, Rede Globo, Antena 1); Paulo Pinto Ribeiro (SIC e Rádio Comercial); José João Canavilha (Fundador da Rádio Lezíria, Subdiretor Revista L&L); João Carlos Garcia (Antena 1); Rosália Rodrigues (Assessora de Comunicação); Helena Martins; (Assessora de Comunicaçao); Leonor Gonçalves (Jornal A Capital, JN, Assessora de Comunicação); Eduardo Correia de Castro (Rede Globo, Rádio Alfa / Paris); Dina Pereira (RVA).
* (Foi a Carla Moite que me ensinou a escrever as primeiras notícias para a rádio).
Éramos um pouco de tudo: locutores; animadores; repórteres; jornalistas; técnicos de radiodifusão; voz off nos spots promocionais e publicitários.
Era excelente quando nos conheciam (sem nós conhecermos) em muitas aldeias, vilas e cidades de Portugal... no campo, na praia, no alto da serra ou à beira rio.
Era bom e reconfortante quando nos diziam: "hoje, ouvi-o:, estava eu com a minha família em casa, de viagem para o Alvarve"...
Numa altura em que na havia a Rádio na Internet, ouviam-nos no carro, em casa, no emprego... e em tantos sítios. Ouviam pelos cafés e restaurantes, mas também nas lojas, nas empresas... A dona Maria ouvia quando ia comprar pão muito cedo. Quando voltava à praça para comprar carne, peixe, frutas e legumes. Depois, voltava a ouvir a IRIS FM quando chegava a casa ou ou visitava a família, quando estava com os filhos e netos... Quando falava com os vizinhos...
Éramos e somos uma grande família da Rádio!
Éramos muitos, às vezes, o suficiente para fazer disparar as ondas para o céu.
Ouviam o nosso desporto; cultura; a informação, as crónicas, a opinião, mas tradições as entrevistas nos exteriores ou nas emissões de estúdio... quando estávamos em Portugal num dia e na pontinha da Europa no dia seguinte.
Quando acompanhavam os nossos relatos em muitos estádios... Quando íamos à Luz, às Antas; a Alvalade... às competições europeias de futebol e também aos brilhantes redutos das nossas regiões, das ilhas...
Era lindo quando tínhamos de levar para as reportagem um telemóvel que pesava dois quilos... parecia um tijolo.
As imagens sonoras eram nossas... do outro lado da antena estava quem gostava de nos ouvir, das palavras da nossa voz, através do 91.4 FM.
BOM DIA CAROS OUVINTES
Bom dia, senhor/a ouvinte, estamos em direto de...
ESTAVAMOS SEMPRE NO AR
De manhã, à tarde, e noite, de madrugada... De semana e ao fim de semana. No Stop!
A previsão do estado do tempo; o trânsito; os passarempos; a sociedade; a política; as gargalhadas... o One e o Off... A luz vermelha a avisar o corredor que tínhamos o microfone aberto...
As manhãs super divertidas do João Caniço e de Dina Pereira; o fado de Paulo Pinto Ribeiro; a tauromaquia de Maurício do Vale; as madrugadas de Jorge Mesquita; a poesia de Piedade Salvador; a opinião de Carlos Albero Pernes; as entrevistas de Rosália Rodrigues; as reportagens de Mário Gonçalves; os relatos de futebol de João Carlos Garcia, Nelson Silva Lopes e de Vasques Gomes; o folclore do Arlindo Gomes dos Santos; as notícias locais de Natalia do Carmo; a música calma do Luís Miguel Bernardo, e a acelerada do Carlos (Carlitos) Paiva; as noticias regionais da Marlene Antunes...
Todos vestiram a colorida camisola da Rádio.
INVERSÃO DAS PALAVRAS
Era e é um logótipo de várias cores. As cores da RÁDIO, do arco iris, mas também, poucos sabem, da inversão das palavras: do Serviço de Informação Regional Independente.
Sabiam?
Foram muitos anos. Tanto, mas tanto haveria aqui para contar...
Era bom passar, na RÁDIO, o Natal; o Ano Novo; o Carnaval; a Páscoa... os feriados; as férias e algumas pausas - poucas - na primavera; verão; outono e inverno...
Era apaixonante também ter a família e os amigos (em estúdio) a fazerem companhia musical.
Éramos sentinelas vigilantes quando o grande chefe, Delfim Carlos Paiva, entrava a saudar, mas algumas vezes a brigar por causa de algumas gralhas e lapsos.
Era uma época em que, muitas vezes, a tesouraria da RÁDIO estava vazia de escudos.
Era uma época em que, nem sempre, a publicidade nascia devuma fonte.
Era sempre o senhor Delfim, e poucos mais, a abrir os cordões à sua bolsa pessoal para que não faltasse o ordenado a tempo e horas.
Ainda me lembro da nossa administrativa, a Filomena, quando nos telefonava a dizer: podem vir receber o ordenado.
Pegava-mos no nosso livro de recibos verdes e andávamos como naves. Trocava-mos o papel verde pelo esperado cheque.
Éramos, sim, como aves de rapinana absubir o primeiro andar do escritório da RÁDIO. Tinha vista para a nossa Avenida O Século, no Bairro Nossa Senhora de Oliveira. Depois, saímos como chitas a correr ao banco, a tempo de depositar, nessa tarde, o sorridente cheque.
Neste preciso momento, vieram-me as lágrimas aos olhos, devido a esta saudável, pura e singela nostalgia.
Acredito que Delfim Carlos Paiva esteja, neste momento, no céu, a ler a minha prosa...
O senhor Delfim visitava sem avisar. Quase sempre por volta das 23 horas. Acabara de fechar, mais uma noite, no Restaurante A Torre.
Era uma autoridade, mas também um bom amigo que também sabianouvir as nossas mágoas pessoais.
Estava sempre muito atento aos nossos passos.
QUANDO HAVIA MESA DE MISTURA
Apenas duas pessoas conhecem, até hoje, esta foto: eu e o Paulo Pinto Ribeiro, que a tirou nos estúdios da rádio, na Rua dos Operários Agrícolas, em Samora Correia.
MILHARES À ESCUTA...
Na rua, eram milhares de pessoas de pessoas de todas as idades que nos sintonizavam.
Foram tantas "vedetas" com o cheirinho bom a vinil... E fui também eu, orgulhosamente a fazer parte desta grande família.
Todos aprendemos uns com os outros na Íris, em Samora Correia.
Já agora, Carlos Alberto Alves, há uma ALTURA que eu nunca mais esqueci. Ainda te lembras quantos metros tinha.a antena da Íris FM?
Mário Gonçalves