Como e quando começou a interessar-se por literatura?
Desde bem cedo que despertei para a literatura, primeiro com as histórias que a minha mãe contava, depois por ter uma boa biblioteca, a minha mãe era já uma grande leitora. Desde cedo tive acesso aos clássicos e li-os avidamente. Posso dizer que tive uma boa mestre. Costumo contar: “Acho que desde que nasci que as histórias circulam nas minhas artérias e bombeiam o meu coração. Até acho que eu e as histórias… nascemos no mesmo Hospital. A determinada altura perdemo-nos e cada uma, foi para o seu lado. Então eu corri o mundo, saltei montanhas, percorri atalhos, embati contra paredes… baralhei-me e até fiz nós. Até que um dia, presas a um fio, lá vinham as histórias. Abraçamo-nos, juramos amizade eterna, jogamos às escondidas e ao rei manda. Hoje, andamos sempre juntas, e o nosso sonho é fazer cócegas na imaginação das crianças e despertar-lhe o amor pelos livros.
O que despoletou o seu interesse pela literatura?
Acho que já vem de família, o meu avô já era um muito culto no seu tempo, a minha mãe tirou dois cursos superiores já bem perto dos 40 anos e enchia a casa de livros e escrevia. A literatura faz parte da família, é um elo que nos une.
Desde pequenita, que me recordo da minha mãe contar as histórias das tias e dos avós, dos bisavôs. Eram histórias verdadeiramente fantásticas, onde tesouros antigos, amores incompreendidos e lutas pela liberdade me eram desvendados nos serões em família. Aqueles momentos eram mágicos, e nós, as crianças, escutávamos sem pestanejar e com a respiração suspensa, pois havia histórias que eram mesmo de arrepiar. Foi neste contexto e com o nascimento da minha primeira filha que tudo começou
Como nasceu a paixão pela escrita?
Costumo contar que na adolescência, tive uma fase, em que o meu sonho era ser escritora e andava com a máquina de escrever para todo o lado. A febre passou e só ressurgiu depois do nascimento da minha primeira filha. Talvez a maternidade me tenha despoletado de novo, a vontade de escrever.
O que mais o atrai quando escreve?
Quando escrevo desligo-me da realidade e crio histórias na minha mente, como se estivesse a vivenciar aquela experiência, conecto-me ao coração e é uma experiência maravilhosa.
Por que motivo resolveu escrever livros?
O que levou a escrever livros foi a vontade de partilhar com as crianças as minhas vivências, as histórias que também me tinham partilhado e as lendas e transmitir a minha paixão pelas histórias da nossa História
Qual foi a obra que mais gostou de escrever e porquê?
As obras que gostei mais de escrever foram: O Amor de Pedro e Inês e a Padeira de Aljubarrota
Em que é que se inspira para escrever um livro?
Inspiro-me no mundo infantil, na nossa História, na estrutura dos Contos de Fadas e na própria vida.
Em que momentos do dia escreve habitualmente?
Atualmente e como o trabalho na Escola é muito exigente, é mesmo nos intervalos entre preparar as aulas, corrigir testes e preencher papelada. Se fosse escritora a tempo inteiro, escolheria a manhã, o nascer do dia traz-me mais inspiração.
O que desencadeia a escrita em si?
A escrita permite-me evadir, viajar e sonhar
Quais são as suas referências literárias?
Irmãos Grimm, Hans Christian Anderson, Sophia de Mello Breyner, Lewis Carrol e Saint Exupéry
Como vê o mundo atual da literatura em Portugal?
Acho que existe muito boa literatura, mas também muito má. Que por vezes, a boa literatura é ofuscada pela literatura mais comercial e mediática. Quem sabe o que gosta e é exigente, escolhe a boa literatura, quem não tem tanto conhecimento, acaba por ficar num registo literário com menos qualidade.
Para quando um novo projeto editorial?
Para junho, uma reedição da lenda do D.Fuas Roupinho com a Câmara Municipal de Porto de Mós.
Agora que já conhece a revista Livros & Leituras, que opinião tem deste projeto editorial sem fins lucrativos?
É um projeto muito válido e importante, pois fomenta e promove o gosto pela literatura, divulga os escritores e incentiva a leitura. Atualmente, apostar na cultura é um desafio, pois as pessoas preferem consumir programas e livros sem profundidade e conteúdo.
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