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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Podia ter sido pior


«Num Portugal avaro em ensaístas, aí estava um – diplomado, experiente, lucidíssimo, precioso no bisturi, fino na sua expressão verbal.”, escreve o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no prefácio de uma obra que começou a ser preparado pelo próprio José Cutileiro.  A ideia de organizar esta antologia terá surgido em 2015 e o trabalho editorial teve início em Fevereiro de 2016. 

Durante cinco anos, e até à data da sua morte, em 2020, o embaixador dedicou-se intermitentemente ao projecto. José Cutileiro tinha uma ideia precisa do que pretendia alcançar com este livro. De fora da antologia ficariam as obras publicadas em livro, os textos retirados do blogue Retrovisor, de Vera Futscher Pereira, que integram “Inventário”, e a poesia, reunida em “O Amor Burguês” (1959) e “Versos da Mão Esquerda” (1961).

José Cutileiro foi taxativo em afirmar que não desejava que esta antologia se tornasse numa espécie de «sarcófago literário» que cristalizasse para todo o sempre o seu trabalho

Sabendo nos últimos meses de vida que seria publicada postumamente, insistiu que não deveria ser objecto de prateleira, nem deveria ter pretensões de «obra completa». Pelo contrário, optava por uma edição divulgativa, com aspecto gráfico moderno, um objecto que proporcionasse uma leitura agradável, uma selecção de textos capaz de atrair os leitores actuais, e com as referências bibliográficas e restante aparato editorial reduzidos ao essencial. Pretendia assim cativar o maior número possível de leitores, nomeadamente as novas gerações, ficando em relevo a contemporaneidade e frescura da sua criação literária.”

Com a sua morte em Maio de 2020, Myriam Sochacki-Cutileiro, em diálogo com Fernando Andresen Guimarães, acautelou a continuidade do projecto. “Se tivesse de dar um subtítulo a Podia Ter Sido Pior, seria sem qualquer dúvida, inspirando-me livremente no título de uma colectânea de Julien Gracq, 'Vivendo a Escrever'. Com efeito, o José foi um homem que viveu a escrever e que escreveu a viver. Praticamente toda a sua vida está nestes textos”, lê-se na introdução, em que a viúva confidencia que o embaixador até a dedicatória escolheu antes de morrer.   

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