Eu lembro-me dos professores que se lembravam de mim. Eu lembro-me da professora Margarida. A professora Margarida deixou uma marca.
A professora Margarida foi a nossa professora de Matemática do 7.º ao 9.º ano, três anos por inteiro, e se nunca fui um ás a Matemática (não sou, a minha mãe é professora de matemática e em casa de ferreiro...), passei a ver a Matemática como um desafio onde quem tivesse a nota mais alta do teste recebia um chocolate da professora, estando outro chocolate reservado para quem resolvesse o problema-mistério no fim de cada prova.
Se me perguntarem que imagem tenho da professora Margarida, vem-me logo à memória o seu sorriso, grande, aberto, feliz, um sorriso que ria com os olhos apenas por rir, um sorriso de quem está em paz com o mundo, sem expectativas, numa alegria simples de viver.
E talvez tenha sido isso, o sorriso, a conquistar-nos logo de início, ainda no 7.º ano, verdes e ao vento, ainda receosos do chão pisado agora na escola secundária.
A professora Margarida acolheu-nos, e nós encolhemo-nos no seu regaço, no seu cuidado.
E o tempo, a professora Margarida tinha sempre tempo, tinha a porta sempre aberta e a vontade e o carinho, escutando os nossos anseios, confortando-nos e dando conselhos, de igual modo ajudando os que, por medo ou inocência, não sabiam pedir ajuda.
In Jornal Publico / José André Costa
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