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sábado, 24 de junho de 2023

Entrevista a Francisco Moita Flores: “Antes da minha ‘morte súbita’, escrevia à tarde e à noite, agora escrevo durante a manhã”


O escritor e ex inspetor da Polícia Judiciária, Francisco Moita Flores, foi entrevistado no passado dia 10, na Feira do Livro de Lisboa 2023. O autor de o livros Um Enfarte no Alto do Parque explicou a Pedro Nogueira Simões e Mário Gonçalves a sua situação de "morte súbita", precisamente naquele lugar, cerca de um ano antes. Moita Flores respondeu a diversas perguntas do seu gigantesco mundo literário.


Nada tem a ver com o assunto, mas como é passar pelo processo de quase morte?

Não sou capaz de lhe responder. Não senti qualquer sinal de pré-morte. Pura e simplesmente caí para o lado sem qualquer sintoma ou sinal de mal-estar. Só acordei dez dias depois.


Em que medida esse facto vai alterar a sua escrita a partir de agora?

Não sei. Só agora recomecei a escrever, depois do acidente de ‘morte súbita’, porém, julgo que não terá grande influência naquilo que já é uma longa carreira.


O que despoletou o seu interesse pela escrita?

Comecei a escrever quando ainda era muito jovem. Tornou-se num hábito, depois de uma paixão que estimulo e quero que me acompanhe o resto dos meus dias.


Em que medida o seu cotidiano ajuda a escrever?

Aquilo que me ajuda a escrever são as leituras de outros autores e a memória. A memória do vivido que reinvento em cada um dos meus romances.


Que impacto teve o lugar onde nasceu na sua trajetória literária?

Teve um grande impacto na fome de escrever a preciosa ajuda que tive do meu pai e do meu antigo professor de Português. Foram decisivos na escolha da escrita como grande amor da minha vida.

 

Qual foi a obra que mais gostou de escrever e porquê?

A obra de que mais gosto é sempre aquela que, no momento, estou a escrever. Não tenho saudades daquilo que já foi escrito e publicado.

 

Como se inspira para escrever um livro?

Procuro criar uma história. Depois contá-la bem contada. É mais coisa de transpiração do que inspiração.


Em que momentos do dia escreve habitualmente?

Antes da minha ‘morte súbita’, escrevia regularmente durante a tarde e a noite. Agora estou a habituar-me a escrever durante a manhã.

 

Qual o escritor que mais gosta?

Sophia de Mello Breyner.

 

Quem já deveria ter sido laureado com o Prémio Nobel da Literatura?

Não sei responder a essa pergunta. Vivo polvilhado de referências literárias que vão da poesia à filosofia, da tragédia até à comédia.

 

O que está a ler neste momento?

Estou a ler As Metamorfoses, de Ovídio.


Qual foi o livro que "mudou" a sua via?

Foram muitos. Os livros são como as mãos de um pintor. Vão-nos moldando o gosto, acrescentando prazer, abrem-nos a novos conhecimentos. Somos sempre obras incompletas porque não temos a capacidade material de ler tudo quanto gostaríamos de ler.

 

Houve algum que o fizesse chorar? E o último que o fizesse rir?

Os livros, tais como as obras musicais, os filmes, a pintura, têm esse dom quase místico de nos emocionar. É uma das funções da arte em geral.


Que tipo de livro que gosta de oferecer como presente?

Vulgarmente compro livros para os mais novos. Da Alice Vieira, do António Torrado, do António Mota, da Isabel Alçada. Gosto de estimular os mais novos no prazer da leitura.

 

Quais são seus projetos literários a partir de agora?

Estou a preparar um romance. Julgo que estará pronto no próximo ano. Depois se verá. Não tenho projetos a longo prazo.


Os livros em formato digital vão mesmo substituir os de papel?

Não sei. A revolução técnico-científica avança com tanta velocidade que não conseguimos perceber como é que vai ser amanhã. Sei, no que a mim diz respeito, que leio e continuarei a ler livros em suporte de papel.


Já tem ideias para o seu novo livro?

Estou a preparar um romance. Julgo que estará pronto no próximo ano. Depois se verá. Não tenho projetos a longo prazo.

 

Agora que já conhece a Revista Livros & Leituras, que opinião tem deste projeto editorial sem fins lucrativos.

A Revista Livros & Leituras é um belo projeto. Desejo-vos as maiores felicidades.

 

Pedro Nogueira Simões e Mário Gonçalves

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