Fernando Pessoa ouviu na rádio “Un Soir à Lima”, uma serenata para piano que a mãe costumava tocar em Durban. Uma espécie de bolero animado, mas com uma parte lúgubre.
Ficou em suspenso enquanto escutava estarrecido e transportado aos doces tempos de Durban, de tranquilo ambiente familiar que vivera em criança numa estreita relação com a mãe.
Lembrando com profunda saudade os primeiros anos da infância, escreve “Un Soir à Lima”, um solilóquio de 300 versos, com constantes referencias à mãe, como esta:
Mãe, mãe, fui teu menino
Tão bem dobrado
Na sua educação
E hoje sou o trapo que o Destino
Fez enrolado e atirado
Para um canto do Chão
Jazo, mesquinho,
Mas ao meu coração
Sobe, num torvelinho
A memória de quanto ouvi do que há
No que há de carícia, de lar, de ninho,
Ao relembrar o ouvi, hoje, meu Deus sozinho.
Em “Un Soir à Lima”. PESSOA-UMA BIOGRAFIA
By Richard Zenith
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