Poeta de grande sensibilidade, D. Dinis entendeu a criatividade linguística e filológica da fala e da poesia do povo português, tomando consciência da autonomia e originalidade da nossa língua.
Daí, sem dúvida, a sua iniciativa de ordenar que todos os documentos oficiais deixassem de ser escritos em latim para o serem em português.
Com este édito, com a sua própria poesia (o mais importante núcleo lírico da nossa Idade Média, nas suas 138 canções de vários géneros), com o estímulo constante ao surgimento de uma literatura de língua portuguesa, de que é modelo o romance de Amadis de Gaula, de João e Vasco da Lobeira, que Cervantes considerou o melhor de todos os livros que neste género se compuseram, sendo a única obra que D. Quixote salvou da fogueira a que lançou todos os outros romances de cavalaria, o Rei deu à língua portuguesa, definitivamente, a sua personalidade e a sua autonomia face às outras línguas ibéricas, em especial a castelhana, ao mesmo tempo que abria para o futuro as perspectivas do seu enriquecimento.
A Universidade Portuguesa, uma das mais antigas da Europa, fundada pelo rei D. Dinis, dava um maior ênfase ao aluno do que ao professor, isto é, mais no aprender e num querer aprender livre e activo do que numa atitude passiva, mais vinculativa a um ensino ex-cátedra.
No Estudo Geral de D. Dinis, como aliás em todas as universidades europeias, se ensinavam grandes autores e filósofos de sangue luso: apontemos antes de todos Paulo Orósio, o bracarense discípulo de Santo Agostinho, autor da Primeira História Universal de sentido filosófico; depois, o lógico e aristotélico Pedro Julião ou Pedro Hispano, mestre da Summa Logicales, adoptada por todo o lado, que viria a ser o papa João XXI; e ainda, entre outros, pensadores como João de Deus, Álvaro Pais e frei João de Alcobaça.
In Apeiron Edições
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