Não é só a escrita de Rita Ferro que é imprevisível, a sua vida é um constante renovar de cenários e de forças.
Quando a imaginávamos a viver serenamente na casa onde escreveu os diários anteriores, Veneza Pode Esperar e Só Se Morre Uma Vez, troca as voltas ao destino e desafia-se de novo: vende o apartamento, faz as malas e regressa ao campo, desta vez ao berço dos seus bisavós maternos.
Aparentemente, perde tudo o que tinha conseguido: a proximidade da família, dos amigos, dos programas culturais, dos desafios profissionais e dos apoios urbanos.
O que perde e ganha?
Quanto vale agora, sem os expedientes e as distrações da cidade?
Tem 65 anos e vive sozinha - conseguirá manter a chama, a alegria, o arroubo criador?
E como ficou a sua relação com o amor?
A par dos romances que tem publicado, a escritora mantém a tradição de partilhar com os leitores a sua cronologia pessoal, através de diários que são também a sua forma de analisar os avanços e retrocessos do seu trajecto, as pulsões e contradições da sua alma.
PEDRO NOGUEIRA SIMÕES RESPONDE À EDITORA DOM QUIXOTE
Pedro Nogueira Simões, editor da Revista Livros e Leituras, esteve ontem, dia 10 de Junho, com a escritora Rita Ferro, na Feira do Livro de Lisboa 2023.
Sinopse do livro de Rita Guerra -
Os Pássaros Cantam em Grego
Os Pássaros Cantam em Grego
Pedro Nogueira Simões, Editor da Revista L&L responde:
Dom Quixote - O que perde e ganha?
Pedro Nogueira Simões - Creio que Rita Ferro não perde absolutamente nada. Viver nos Foros de Salvaterra, com a A13 a um quilómetro, é estar perto de Lisboa, mas longe da agitação urbana da capital... É viver no silêncio do campo, numa paz tranquilizadora, a galopar na natureza mas sempre abraçado a ela. Salvaterra de Magos é gigante amigo e bom... É estar juntinho ao Tejo e às tradições ribatejanas; poder vislumbrar grandiosas imagens, vislumbradas graças ao folitar de algumas avionetas turísticas; são as aves; os touros; os cavalos; as ovelhas; as cabras anãs e não anãs; os passeios de barco; as diversões; as festas; as enguias... as Enguias de Salvaterra e o Mês da Enguia; a Barragem de Magos; a canoagem; os passeios pelos campos; os desportos, as artes; as piscina; as fescas águas; os verdes espaços e os espaços culturais; as lindas bibliotecas; a história dos Concheiros e muito mais...
Rita, Salvaterra de Magos é muito. Eu e o Mário poderemos ser dois dos seus guias.
Dom Quixote - Quanto vale agora, sem os expedientes e as distrações da cidade?
Pedro Nogueira Simões - Sou um leitor atento de Rita Ferro e posso garantir que vai passar a valer muito mais. Digo-o, com testemunho de causa. Dirijo, há várias anos, com as minhas equipas, cinco escritórios de advogados, na Europa e fora dela. Todos os espaços estão em capitais, mas só me sinto bem, "numa completa harmonia comigo, quando estou no meu escritório ribatejano, junto ao rio, à flora e à fauna... É óbvio que não sou menos profissional por isso. Tenho a certeza que a nossa querida romancista Rita Ferro apoiará esta minha tese, caso contrário, será uma questão de tempo. Beijinhos, Rita!
Tem 65 anos e vive sozinha - conseguirá manter a chama, a alegria, o arroubo criador?
Pedro Nogueira Simões - Tenho a certeza absoluta que sim. A minha família vive aqui, há dezenas de anos. Eu sou daqui e o meu pequeno Gabriel também! Foi nos Foros de Salvaterra que criamos, recriados, renascemos, transformamo-nos... São os amigos e os amigos dos amigos. As novas tradições a cultura e as diferentes culturas. A Charneca. A Lezíria... os lexemas multissignificativos e os outros: os adjetivos coloridos de cores, verdadeiramente plurissinificantes. É a musicalidade a ecoar para as frases dos nossos livros. Os diários de Rita Ferro.... Os meus diários, os do Mario Gonçalves e os diários de muitos outros amigos. Estar a viver nos Foros de Salvaterra de poder ter também à mão preciosidades que trouxemosbde voyages. Eu reservo com carinho o sabor do Café da Fajã (São Jorge), o único produzido na Europa. Bebo-o quentinho, sempre pela brisa fresca da manhã. Depois, ao longo do dia, há também o sabor do Chá de Gorreana. Não por ser o único plantado em grande escala no nosso velho continente, mas porque gosto dele. Acarinhamos nos nossos jardins, mesmo com gordos botins, muitíssimas ervas aromáticas para outros chás e outros folhetins: as saborosas gastronomias. E já aqui e, já daqui a pouco, as secas cavacas de azinho vão saudar o lar e até o fumo vai marcar a chaminé e voltar a riscar o ceu do Ribatejo. É...é tanto, é tanto, viver nos Foros de Salvaterra.
Rita, por estes lugares, os pássaros não são gregos, mas, infelizmente, às vezes veem-se gregos. Aqui, tal como nós, são livres, muito. Todavia, eu e o Mário Gonçalves, diretor da Revista Livros & Leituras, a vivermos cá há muitos anos, temos a certeza que os pássaros, com a chegada da Rita, além de livres, vão passar a terre muito mais Ferro.
Beijinhos, e seja bem-vinda, vizinha!
D. Quixote / Pedro Simões / Mário Gonçalves
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