Como se pode ser «belo» — «o rosto, a alma, a roupa, os pensamentos», como diz Tchekov — num país onde reina a repressão e só quem se submete a um regime restritivo consegue sobreviver?
E como poderá esta experiência ser superada quando quem a sofreu não fala dela, nem mesmo depois de emigrar para o Ocidente, nem mesmo com a própria filha?
A autora, diversamente premiada em diferentes contextos e palcos, explica tudo muito bem neste interessante romance.
Em meados dos anos noventa, Lena e Tatiana abandonaram a Ucrânia – uma grávida, outra com a filha pequena – e foram viver para a Alemanha, onde tiveram de começar do zero. Mas Nina e Edi, as raparigas que há muito deixaram de se interessar pelas suas origens, não deixam de perguntar‑se o que verão as mães, com o seu «olhar soviético», quando espreitam pelas cortinas das casas onde hoje vivem.
Porém, quando se juntam para a festa do 50.º aniversário de Lena, serão forçadas a admitir que, afinal, partilham uma história comum.
Qual será?
Seguindo o percurso de quatro vidas e os vínculos sempre frágeis entre mães e filhas, Sasha Marianna Salzmann relata-nos uma época de mudanças radicais na Ucrânia numa narrativa com imagens poderosas, repleta de empatia e realismo.
O livro foi editado pela LeYa.
Sílvia Fernandes / Diretora-Adjunta
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