Trata-se de uma hipálage muito usada pelo Eça de Queirós e pelo Paulo Coelho. O que está pensativo é ele ou ela e não o cigarro.
Álcool e tabaco acompanham a vida de muito escritores. Lobo Antunes é um caso paradigmático.
Se for lançar um dos seus livros num centro comercial ou livraria e lhe vedarem o direito a fumar, abandona o espaço como já o fez.
Fernando Pessoa fumava cerca de 80 cigarros por dia.
"Na história da literatura, houve muitos escritores que bebiam demais – e basta ler o livro de Hemigway Paris É Uma Festa para perceber que a festa incluía mesmo muito álcool (sobretudo vinho, que era o que Hemingway nesses primeiros tempos podia pagar).
Os poetas simbolistas era valentes bebedores de absinto (a «fada verde») – Rimbaud, ao que parece combinava-o com haxixe – e bebiam-no às cinco em ponto como se fosse chá.
Scott Fitzgerald era alcoólico, o que afectou a sua produção literária.
Faulkner tinha a febre das apostas em corridas de cavalos – e muitos outros autores gostavam do jogo (Dostoievski, evidentemente!).
O cigarrinho também esteve muitas vezes na mesma mão que segurava a caneta; num livro muito giro de Javier Marías chamado Vidas Escritas que li há anos – e, se não me engano, colige crónicas que o espanhol escreveu num jornal – descobri que Joseph Conrad deixava constantemente cigarros acesos nos cinzeiros e teve várias ameaças de incêndio em casa.
Fumava também Cortázar (fotografado de cigarro na mão tantas vezes) e o peruano Julio Ramón Ribeyro, que até escreveu um conto chamado «Só para Fumadores».
E fumavam Duras, Beckett, Camus, Orwell, Henry Miller, Octavio Paz e muitos, muitos outros.
Se os ajudaram a escrever o que escreveram – e acredito que sim – vivam os maus hábitos…"
By Maria do Rosário Pedreira e Mário Gonçalves
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